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O gamer pródigo

05/08/2010

[tweetmeme source=”dcolsson”]
Para falar a verdade, nunca me considerei um gamer. Gostava de passar o tempo em frente a um video game, desde os primórdios do Tele-Jogo e do Atari até quando o computador entrou na minha vida profissional e definitivamente, mas sabia que era um jogador bastante moderado, daqueles que iniciam as partidas no modo fácil ou normal, ou que desistem delas quando se atinge um nível de frustração muito alto por causa de diversas tentativas de se passar de uma fase. Cheguei a ter perto de uma centena de jogos para o TK-90X, terminei poucos deles e curiosamente nunca tive interesse pelos consoles que surgiram no mercado nos anos 90 e 2000. Posso dizer que depois do TK, por muitos anos só joguei no PC mesmo e também desisti dele quando os jogos começaram a exigir upgrades na placa de vídeo cada vez com mais frequencia. Por essa época eu já tinha alguns preferidos, como a série X-Wing da LucasArts e o Medal Of Honor: Allied Assault, da EA.

Quando finalmente abandonei os jogos para PC, levei alguns anos até resolver migrar para o PlayStation 2. Nesta plataforma conheci dois jogos que tranquilamente estão na minha lista de essenciais: God Of War I e II. Mas tirando fora justamente estes dois, os gráficos e ambientação dos demais ainda não eram capazes de me conquistar completamente. Jogar continuava sendo uma atividade muito esporádica.

O rumo da minha devoção aos games mudou mais recentemente, quando adquiri a nova versão do console da Sony, o PlayStation 3. E através de recomendações de amigos e da pesquisa por análises na internet foi que tive contato com vários jogos que reformularam e reafirmaram a minha concepção: video games não são apenas diversão, são praticamente um evento cultural, capazes de gerar uma “mitologia” própria em torno de cada produto e competir de igual para igual com outras áreas do entreternimento, como o cinema e a música.

E o motivo para que eles tenham alcançado este nível, na minha opinião, se resume a três aspectos: a qualidade técnica (gráficos e som), a jogabilidade (facilidade ou naturalidade em controlar o personagem e atingir os objetivos propostos) e principalmente a história que eles apresentam – e o quanto ela permite a imersão do jogador no clima do jogo através dos detalhes “acessórios” (ambiente, itens, auto-referências). Nesse meu retorno ao mundo gamer, ainda lento e tentando tirar o atraso de muitos anos, pelo menos cinco jogos recentes me conquistaram por abusar dessas três características e portanto queria aproveitar esse post elegendo os que eu considero atualmente como melhores games para o PS3:

BioShock (2K, 2008): Jogo no estilo FPS (First Person Shooter) extremamente tenso e que possui um background fantástico – uma história que permite imersão completa no universo do jogo, com direito a plot twist e que seguramente daria um ótimo roteiro para um filme de FC. Os desafios são engenhosamente bem criados exigindo sempre que o jogador tenha uma estratégia bem articulada para, por exemplo, poder enfrentar os piores inimigos do jogo: os Big Daddies. A batalha final embora não seja exatamente tão difícil quanto se espera, ainda sim fecha a aventura de modo brilhante e, dependendo de suas escolhas ao longo da partida, apresenta 3 epílogos diferentes. Teve uma continuação lançada em 2009.

Batman Arkham Asylum (Rocksteady, 2009): Considerado como a melhor adaptação de um herói de quadrinhos para video game, Batman AA realmente consegue capturar todas as características do personagem mais sombrio da DC Comics em uma história inspirada na HQ homônima e repleta de referências ao universo do herói. Além da ambientação perfeita e de enfrentar seus inimigos mais conhecidos, liderados pelo Coringa, o jogo apresenta diversos puzzles inteligentes, combates originais e alguns momentos particularmente brilhantes, como os encontros com o vilão Espantalho. A versão Game Of The Year lançada este ano adicionou efeitos 3D ao jogo.

Uncharted 2: Among Thieves (Naughty Dog,  2009). Só pela qualidade gráfica – a melhor que eu já encontrei em um game desenvolvido para o PS3, ao lado de Killzone 2 – esse game já mereceria estar nesta lista. Mas o estilo cativante dele, inspirado em aventuras à la Indiana Jones e iniciado com o Uncharted: Drake’s Fortune, lançado em 2007, além de inovador, garante muita diversão ao longo da missão e possui um roteiro capaz de prender o jogador até a conclusão da trama. Confrontos com inimigos e alguns quebra-cabeças bem bolados contribuem para uma experiência fascinante pelos cenários acachapantes do jogo, na pele do mezzo arqueólogo, mezzo caçador de tesouros, Nathan Drake.

God Of War III (Santa Monica, 2010): Mesmo não alcançando o nível de perfeição dos dois primeiros capítulos, GoW 3 encerra a saga do espartano Kratos de maneira triunfal, apostando na mesma fórmula de sucesso. Gráficos muito bonitos contam a história da sua vigança contra o “chefão” do Olimpo, Zeus, através de mais uma jornada pela mitologia grega, e dosando corretamente o jogo com vários desafios e combates sangrentos. Destaque para o desfecho da história, onde Kratos relembra toda a sua jornada de maneira bastante melancólica. Uma franquia que vai deixar saudades.

Red Dead Redemption (Rockstar, 2010): Para encerrar, um sandbox ambientado no Velho Oeste norte-americano com todas as qualidades para se tornar um clássico à altura da série Grand Theft Auto, também produzida pela Rockstar. Nesse tipo de jogo é possível explorar todo ambiente e realizar várias missões paralelas à principal. E acredite: montado em seu cavalo, o personagem John Marston tem muitos lugares para explorar e perigos para enfrentar. Alguns podem argumentar que essa liberdade acaba prejudicando o storytelling do game, mas no caso do RDR ela não fica tão diluída assim, conseguindo manter o interesse nas missões principais. E para ajudar, há ainda os personagens coadjuvantes perfeitamente caracterizados e os cenários deslumbrantes, capazes de levar o jogador a ficar apenas contemplando a paisagem do alto de uma montanha por longos minutos.

Graças aos cinco exemplos acima (e alguns outros que não entraram na lista prá não deixtar o post muito comprido), finalmente me sinto de volta ao mundo dos games. E é bem possível que agora esse assunto passe a fazer parte da pauta do blog.

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